Manifestantes protestam contra unidade do ICE em Framingham

Cerca de 20 pessoas se reuniram na manhã de terça-feira, dia 14, em frente ao prédio localizado na 10 Speen Street para protestar contra a presença de uma unidade do Intensive Supervision Appearance Program (ISAP), chamando atenção para o que consideram impactos negativos do programa nas comunidades imigrantes.

O ISAP, administrado pelo Departamento de Imigração dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês), é oficialmente considerado uma alternativa à detenção, oferecendo serviços de acompanhamento e gerenciamento de casos para imigrantes não detidos. Segundo a agência, o programa está em operação desde 2004, com o número de participantes aumentando ao longo do tempo.

Jeff Perrott, membro de um grupo comunitário de monitoramento do ICE, criticou o programa como “uma extensão do sofrimento que os imigrantes já enfrentam”. Ele explicou que os participantes, muitos deles com tornozeleiras eletrônicas, precisam se apresentar regularmente na unidade. “Pessoas já foram levadas daqui quando eram apenas chamadas para se apresentar. Às vezes, nesses encontros, são encaminhadas diretamente ao sistema de deportação”, afirmou. Perrott acrescentou que seu grupo acompanha os participantes às reuniões, o que, segundo ele, contribui para melhores resultados.

Diego Low, diretor do MetroWest Workers Center, organização de apoio a trabalhadores imigrantes com sede em Framingham, destacou o impacto psicológico da presença do ICE. “O dano que estamos vendo na vida das pessoas é difícil de transmitir”, disse, mencionando que muitos recorrem à organização em busca de apoio mental devido ao estresse e medo causados pelas ações de imigração.

A brasileira que é deputada estadual por Massachusetts Priscila Sousa (D-Framingham) e que já foi imigrante indocumentada, também participou do protesto e comentou sobre o clima de medo que afeta as comunidades imigrantes. “Tudo tem sido planejado para deixar essas comunidades com medo, e, sinceramente, isso é terrível”, afirmou. “Apoiamos a retirada de criminosos perigosos das ruas, mas houve um excesso de atuação, e se posicionar contra isso não significa apoiar pessoas perigosas em nossas comunidades.”

Segundo o ICE, o ISAP permite que os participantes permaneçam em suas comunidades enquanto seguem os procedimentos de imigração ou se preparam para deixar o país. O programa utiliza tecnologias de monitoramento, como relatórios telefônicos com verificação biométrica de voz, monitoramento por GPS e reconhecimento facial, garantindo o cumprimento das regras.

O protesto de 14 de outubro destacou o debate contínuo sobre o papel do ISAP, com ativistas pedindo maior fiscalização e responsabilização em relação a programas que, segundo eles, aumentam o medo e o trauma entre os imigrantes.