EUA investigam possível fraude em dados de imigração usados para prender ex-assessor de Bolsonaro

O governo dos Estados Unidos impôs sanções a integrantes do sistema de apoio do juiz Alexandre de Moraes, responsável pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, elevando a crise política entre Washington e Brasília a um novo patamar.

A decisão ocorre em meio a denúncias de que autoridades brasileiras teriam acessado, de forma irregular, o banco de dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês) durante as investigações contra o ex-presidente.

Em artigo publicado no Wall Street Journal, a colunista Mary Anastasia O’Grady afirmou que o caso “tem todas as características de uma penetração estrangeira dentro do CBP”, alertando para um possível crime transnacional. Segundo ela, se for confirmado que agentes ou autoridades do Brasil violaram o sistema do CBP, o episódio poderá “comprometer a segurança digital do governo americano”.

“Alguém dentro do CBP ou do Departamento de Segurança Interna dos EUA merece crédito por expor essa farsa”, escreveu O’Grady, destacando que a investigação ainda está em andamento. A colunista também apontou a possibilidade de envolvimento interno no vazamento de dados, o que colocaria em xeque a integridade do próprio sistema americano.

A defesa de Martins — figura central no caso — ingressou com uma ação na Justiça Federal da Flórida para identificar os funcionários responsáveis pelas supostas alterações no sistema. Até o momento, os documentos entregues pela agência americana chegaram com informações censuradas, conforme denunciou O’Grady.

A repercussão das sanções teve eco político imediato. O presidente Donald Trump declarou estar “surpreso” com a condenação imposta ao ex-líder brasileiro e comparou o episódio às perseguições judiciais que diz enfrentar nos Estados Unidos. “É muito parecido com o que tentaram fazer comigo”, afirmou Trump.

O caso também ameaça desgastar as relações diplomáticas entre os dois países, em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta reforçar sua imagem internacional e se aproximar da administração republicana. Especialistas alertam que, se for comprovado o uso indevido de um banco de dados federal norte-americano por agentes brasileiros, as consequências podem ser graves e colocar em risco o esforço de reaproximação diplomática.