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Centenas de pessoas ocuparam, na noite de terça-feira (13), a praça em frente à Prefeitura de Everett em um protesto carregado de emoção e indignação. A multidão exigia a libertação de Arthur Berto, um jovem brasileiro de 13 anos, detido na semana passada pela polícia local e transferido em menos de 24 horas para um centro de detenção juvenil na Virgínia, sob custódia do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE).
O ato, liderado pelas organizações LUCE Immigration and Justice Network of Massachusetts e La Comunidad, reuniu imigrantes, professores, líderes religiosos e ativistas de direitos humanos. O movimento ganhou força pouco antes de uma sessão da Câmara Municipal que debateria uma resolução recém-aprovada, orientando a polícia a não acionar o ICE em casos de crimes considerados de menor gravidade.
A vereadora Alcy Jabouin foi uma das primeiras a se manifestar. “Todos deveriam estar preocupados. Como pais, professores e avós, devemos estar furiosos”, afirmou, sendo aplaudida pelos manifestantes.
Entre cartazes que pediam “Justiça para Arthur” e “Crianças não pertencem a prisões”, o senador estadual Sal DiDomenico, democrata que representa os condados de Middlesex e Suffolk, fez um apelo direto ao governo federal: “Tragam essa criança de volta e fiquem longe da nossa comunidade. Everett não é lugar para ações desse tipo.”
Professores e colegas de escola do garoto também participaram da sessão pública da Câmara, exigindo transparência sobre o caso e explicações sobre a cooperação entre a polícia local e o ICE.
Versões divergentes
De acordo com o prefeito Carlo DeMaria, Arthur foi detido após a polícia responder a uma denúncia de ameaça contra outro menor. Durante a abordagem, os agentes encontraram uma faca, mas nenhuma arma de fogo. O chefe de polícia, Paul Strong, confirmou a informação e negou qualquer registro de antecedentes criminais do adolescente.
As declarações contradizem uma postagem feita pela secretária-assistente do Departamento de Segurança Interna (DHS), Tricia McLaughlin, que descreveu o menino como “ameaça à segurança pública” e afirmou que ele possuía “extensa ficha criminal, incluindo agressão violenta com arma perigosa, arrombamento e destruição de propriedade”. Nenhum documento foi apresentado para sustentar tais alegações.
“Ele possuía uma arma de fogo e uma faca quando foi preso”, escreveu McLaughlin na rede X (antigo Twitter), em mensagem que rapidamente se espalhou e foi publicamente desmentida pelas autoridades locais.
Como o ICE chegou até ele
O prefeito DeMaria negou que o ICE tenha sido acionado pela polícia, mas explicou que os dados dos detidos são automaticamente compartilhados com as autoridades federais por meio do sistema de impressões digitais.
O chefe de polícia reconheceu que o ICE já interveio em outras prisões semelhantes, mas afirmou que esta é a primeira vez que a ação recai sobre um menor de idade. A rapidez com que Arthur foi transferido — em menos de um dia — surpreendeu até as autoridades municipais.
A mãe do adolescente, Josiele Berto, contou que recebeu uma ligação pedindo que fosse buscar o filho na delegacia. Após esperar mais de uma hora e meia, foi informada de que agentes federais já haviam levado o garoto, aluno da Albert N. Parlin School, para um centro de detenção. “Ele seria liberado, eu já estava lá esperando. De repente me disseram que ele tinha sido levado. Eu me senti impotente.”
Apoio e mobilização nacional
O caso de Arthur ganhou repercussão em todo o estado. Uma campanha online arrecadou mais de US$ 26 mil para custear sua defesa legal. A americana Kate O’Day, uma das organizadoras, publicou nas redes sociais: “Esse menino precisa voltar para casa. O que estão fazendo é desumano.”
Pais de outros estudantes expressaram solidariedade. “Meu filho joga futebol com ele, ele não é um monstro”, escreveu Kim Gardner. Já Michele Hebert descreveu o garoto como “pura luz” e disse estar “arrasada” ao saber que ele foi enviado para um centro de detenção juvenil.
Reação da Justiça Federal
No dia seguinte à prisão, o juiz federal Richard Stearns, da Corte de Boston, ordenou que o Departamento de Segurança Interna (DHS) apresentasse uma justificativa formal para a detenção até terça-feira (14). Caso contrário, Arthur deverá comparecer a uma audiência de fiança em um tribunal de imigração.
Na decisão, Stearns destacou que o caso do jovem brasileiro é “mais um episódio em uma preocupante série de detenções de adolescentes imigrantes na região de Boston”.
A defesa, liderada pelo advogado Andrew Lattarulo, afirmou que Arthur está em processo de asilo junto com a família e possui documentação válida que o autoriza a permanecer provisoriamente no país. “Não há base legal, moral ou humanitária para manter um menino de 13 anos a 800 quilômetros de casa, longe da mãe e da escola.”
Atualmente, o adolescente permanece no Northwestern Regional Juvenile Detention Center, em Winchester, Virgínia, a cerca de 800 quilômetros de Everett — um símbolo da distância entre a lei e a compaixão.
Escrito por Brazilian Times
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